La Natividad de noche (1490) Geerting tot Sint Jans |
Marcos Monteiro
Anjos e estrelas divulgaram pelas
campinas próximas e pelos desertos distantes a notícia de que Deus nasceu, e desprezados
pastores e estrangeiros infiéis foram averiguar.
Encontraram Deus chorando como
uma criança, agasalhado com trapos no meio do frio, pobre como um pastor e
peregrino como um estrangeiro.
Deram um grande suspiro de alívio,
abriram um sorriso do tamanho do céu estrelado, encheram o coração de ternura e
de paz, e saíram espalhando a novidade para quem quisesse ouvir.
Mas, os poderosos ficaram
agitados e irritados quando descobriram que o calabouço, em que mantinham Deus
aprisionado, estava vazio. Deus fugira dos templos e dos palácios para nascer
em uma estribaria. Então, seria preciso urgentemente assassinar Deus,
perseguição que começa com um extermínio de crianças pobres e termina com uma
execução de cruz.
Com a notícia do Deus-criança,
ficavam inúteis as procissões e os rituais, quando reis e sacerdotes exibiam o
Deus feroz, de fortes mandíbulas e presas afiadas, conduzido por coleira,
ameaçando de jogar o mesmo contra a multidão de oprimidos insatisfeitos.
O nome que deram a Deus foi Jesus
(libertador) e o sobrenome Emanuel (Deus conosco) e o povo se sentiu livre da
culpa dos estigmas e do medo da vida, da morte, do amor e de Deus. Caminhando
com a gente, Jesus nos salvou dos medos e salvou Deus das coleiras das
instituições.
Cada ano, costuramos novamente a
vida, e o arremate vem através de duas festas de aniversário. Celebramos o
nascimento de um novo ano e o nascimento de um novo Deus.
Primeiro é o Natal, porque
precisamos apressar o ciclo, para que Jesus nasça, cresça, morra e ressuscite,
o mais rápido possível. E o anúncio do Natal será sempre o prenúncio do ano
novo.
Natal é festa em que anjos,
estrelas, pastores e peregrinos, homens, mulheres e animais, se abraçam para
celebrar a vida. Festa que precisa acontecer a cada ano, porque é necessário
nascer de novo.
Tanto a alegria e a esperança,
como também o Deus feroz e perigoso das instituições nascendo novamente criança,
convidando-nos à responsabilidade diante da ternura da vida e da fragilidade do
amor.
Feliz Natal para um Feliz Ano
Novo.
Recife, 24 de dezembro de 2018.
Perfeito
ResponderExcluirAbençoada contradição de Deus... que nasce numa estrebaria junto com os animais e recebendo a visita dos pastores. Feliz Natal!
ResponderExcluirSempre com um texto inspirador... Bom Natal, Marcos!
ResponderExcluirBelíssimo Marcos, peçamos ao Deus Menino que irradie paz e alegria ao nosso mundo necessitado de amor e justiça. Feliz Natal para você e a Cleide. Abraços.
ResponderExcluirObg pelo texto. Sempre nos fazendo pensar e nos levando a reflexão. Obg meu amigo! Deus te ilumine.
ResponderExcluirDeus abençoe ricamente o seu comentário sobre o nascimento de Jesus. Obrigada.Bete e Antônio.
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