segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Os sonhos de um adolescente

verdade-messias


Gn 37.

No livro dos começos, Gênesis, a história de Jacó vai continuar na história de seus filhos, especialmente nas aventuras e desventuras de José. Os dois filhos mais amados, José e Benjamim, são filhos da amada e nunca esquecida Raquel. Os outros filhos não conseguem administrar bem essa preferência: ódio e ciúmes se encontram sempre à flor da pele nas relações fraternas.

A Bíblia é também a história dos sonhos, desse lugar misterioso em que todos habitamos e que nem sempre prestamos atenção. E o adolescente José, muito amado pelo pai e detestado pelos irmãos, é um grande sonhador. Sonhos de grandeza que reparte inocentemente.

“Atávamos feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e ficou em pé; e os vossos feixes o rodeavam e se inclinavam perante o meu (Gn 37, 7).

Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim” (Gn 37, 9b)”.

Sonhos para a Bíblia são quase sempre recados de Deus. Freud e Jung que estudaram os sonhos pensam que são recados de nós mesmos para nós mesmos. Conversas profundas acontecidas na nossa interioridade psíquica, construções artísticas de nossos desejos mais profundos.

Além disso, Jung acreditava que esses sonhos conversavam conosco através de estruturas psíquicas que carregamos através dos tempos. Sonhos que pretendem nos guiar na nossa realização pessoal. A principal dessas estruturas é o arquétipo de Deus, uma espécie de centro interior que todos teríamos. Os recados do nosso Deus interior estariam em alguns sonhos especiais nos levando a caminhar pela existência em busca de plenitude.

Nas aventuras de José, os seus sonhos de adolescente serão realizados, mas não de modo fácil. Porque também a história dos sonhos é igualmente a história dos que detestam os sonhos e dos sabotadores e assassinos de sonhos. As dificuldades começarão na própria família e os irmãos serão os primeiros adversários de seus sonhos.

“De longe o viram e, antes que chegasse, conspiraram contra ele para o matar. E dizia um ao outro: Vem lá o tal sonhador!
Vinde, pois agora, matemo-lo, e lancemo-lo numa destas cisternas; e diremos: Um animal selvagem o comeu; e vejamos em que lhe darão os sonhos” (Gn 37, 19-20).

Sonhar é perigoso, mas Javé que não aparece tão explicitamente em todo o restante dos relatos pode ser visto como um plantador e jardineiro de sonhos.

Apesar da estrutura familiar adversa, apesar da situação caótica do mundo, apesar da força dos faraós, os sonhos seguirão o seu caminho até o fim. Em meio a peripécias mais diversas, por caminhos complexos e tortuosos, Javé vai acompanhar José em seus sonhos e vai garantir que se tornem realidade.

Um comentário:

  1. Obrigado Marcos, você realmente anda mais inspirado ultimamente. Preciso acompanhar mais rápido seus textos e aventuras, já está em José..!? Abraço amigo.

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