verdade-messias |
Gn 37.
No livro dos começos, Gênesis, a história
de Jacó vai continuar na história de seus filhos, especialmente nas aventuras e
desventuras de José. Os dois filhos mais amados, José e Benjamim, são filhos da
amada e nunca esquecida Raquel. Os outros filhos não conseguem administrar bem essa
preferência: ódio e ciúmes se encontram sempre à flor da pele nas relações
fraternas.
A Bíblia é também a história dos
sonhos, desse lugar misterioso em que todos habitamos e que nem sempre
prestamos atenção. E o adolescente José, muito amado pelo pai e detestado pelos
irmãos, é um grande sonhador. Sonhos de grandeza que reparte inocentemente.
“Atávamos
feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e ficou em pé; e os vossos
feixes o rodeavam e se inclinavam perante o meu (Gn 37, 7).
Sonhei também
que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim” (Gn 37, 9b)”.
Sonhos para a Bíblia são quase
sempre recados de Deus. Freud e Jung que estudaram os sonhos pensam que são
recados de nós mesmos para nós mesmos. Conversas profundas acontecidas na nossa
interioridade psíquica, construções artísticas de nossos desejos mais
profundos.
Além disso, Jung acreditava que
esses sonhos conversavam conosco através de estruturas psíquicas que carregamos
através dos tempos. Sonhos que pretendem nos guiar na nossa realização pessoal.
A principal dessas estruturas é o arquétipo de Deus, uma espécie de centro
interior que todos teríamos. Os recados do nosso Deus interior estariam em
alguns sonhos especiais nos levando a caminhar pela existência em busca de
plenitude.
Nas aventuras de José, os seus
sonhos de adolescente serão realizados, mas não de modo fácil. Porque também a
história dos sonhos é igualmente a história dos que detestam os sonhos e dos
sabotadores e assassinos de sonhos. As dificuldades começarão na própria
família e os irmãos serão os primeiros adversários de seus sonhos.
“De longe o
viram e, antes que chegasse, conspiraram contra ele para o matar. E dizia um ao
outro: Vem lá o tal sonhador!
Vinde, pois
agora, matemo-lo, e lancemo-lo numa destas cisternas; e diremos: Um animal
selvagem o comeu; e vejamos em que lhe darão os sonhos” (Gn 37, 19-20).
Sonhar é perigoso, mas Javé que
não aparece tão explicitamente em todo o restante dos relatos pode ser visto
como um plantador e jardineiro de sonhos.
Apesar da estrutura familiar adversa, apesar da
situação caótica do mundo, apesar da força dos faraós, os sonhos seguirão o seu
caminho até o fim. Em meio a peripécias mais diversas, por caminhos complexos e
tortuosos, Javé vai acompanhar José em seus sonhos e vai garantir que se tornem
realidade.
Obrigado Marcos, você realmente anda mais inspirado ultimamente. Preciso acompanhar mais rápido seus textos e aventuras, já está em José..!? Abraço amigo.
ResponderExcluir