segunda-feira, 8 de julho de 2013

AVENTURAS E DESVENTURAS DE JACÓ – III

A luta pela palavra sagrada
 Gn 27, 1-41


O futuro patriarca Jacó, ainda jovem, continua as suas peripécias, novamente em jogo que Esaú sai perdendo.

Em um jogo complicado de palavras ardilosas e disfarces astutos ele se apodera da bênção de Javé.

Já tinha se apossado do direito de futuro patriarca, mas percebe que direito sem bênção não é garantia.

O valor dos símbolos garante o valor do direito e os símbolos religiosos são sempre os mais importantes.



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“Perguntou-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu? Sou Esaú, teu filho, o teu primogênito, respondeu. Então estremeceu Isaque de violenta comoção, e disse: Quem é, pois, aquele que apanhou a caça e me trouxe? Eu comi de tudo, antes que viesses, e o abençoei, e ele será abençoado” 
(Gn 27, 32-33).
A narrativa se tece em torno de duas palavras. Uma palavra forte, a patriarcal, e uma palavra fraca. Dispondo apenas da palavra fraca, Jacó com a ajuda de Rebeca, se apodera da palavra forte, a palavra sagrada, a bênção de Javé.

Rebeca ouve Jacó prometer a bênção, a palavra forte, a Esaú e corre a preparar Jacó para lutar. A palavra da mulher e a palavra do irmão menor vão se unir para a disputa.

Jacó é o irmão que nasce segurando o calcanhar do outro, é o irmão-serpente. Mais uma vez, a palavra da mulher e a palavra da serpente vão se unir em torno de objetivos comuns. A estratégia passa novamente por um prato de comida.

Jacó comparece na presença do pai com pele de cabrito, comida de Rebeca, roupa e cheiro de Esaú. Só tem de suas, a voz e a coragem de usar a palavra ardilosa. E vence: se apropria da bênção de Isaque.

Quando o irmão mais velho chega, a bênção já está prometida e a palavra forte, do patriarca, não poderá voltar atrás. Esaú chora e a bênção que lhe sobra é tão humilhante que cria um ódio furioso para o irmão mais novo.

Curiosamente, Javé fica de fora de tudo isso e vai apenas garantir, no final, o cumprimento da bênção dada. Parece que tem suas predileções, sempre do lado das mulheres e dos mais fracos.

Jacó agora é o herdeiro da palavra forte, mas ser o abençoado e eleito de Javé tem os seus problemas e é preciso fugir.

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