terça-feira, 16 de novembro de 2010

O caminho da construção da paz

Mateus 5,9

“Felizes os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus”.


Este modo de caminhar de volta da montanha sagrada é um caminho prático, desse que fazer com a vida, exatamente essa vida de um coração puro, ou seja, cheio da visão do Reino.

O caminhante é economicamente solidário (pobre de espírito), é sensível (chora), sabe onde aplicar a sua força (manso), alimenta-se da justiça (fome e sede de justiça), aprende a parir (misericordioso), e é intenso em seus propósitos (puro de coração). Mas, o que faz com tudo isso?

O caminhante é um construtor de mundos impossíveis, é um artesão da paz.

A paz não é parte natural das estruturas vigentes, precisa sempre estar sendo construída. É o teor de mundos impossíveis, sempre mais adiante, utopias inacabadas porque inacabáveis.

A abundância e a justiça produzem a paz. Por conseguinte, o pacificador não é sujeito passivo diante da violência estruturada. Em um mundo desigual, a experiência da paz passa pelo conflito; e o artesão da paz coloca-se no conflito do lado de quem sofre opressão e injustiça.

Ainda mais, na construção das condições da paz, o artesão sempre provoca conflito.

A organização da violência vai desde as instituições ao interior das pessoas. Combater a violência e construir a paz, começa na nossa interioridade, mas se atualiza em todas as relações e alcança micro e macro-estruturas. Violência sexual, racial, econômica, política e religiosa.

Construir uma rede de paz que combata a rede de violência é tarefa monumental, caminho a percorrer por toda a vida. Re-significar, re-simbolizar e re-organizar, são estratégias de combate, nessa guerra sem fim pelo fim de todas as guerras.

O artesão da paz será chamado filho de Deus. Deus, portanto, é o Deus da paz e da justiça: não o Deus da guerra e da opressão.

Ser filho de Deus é assumir compromissos com os seus compromissos: ter como tarefa a sua tarefa.

Caminhar como artesão da paz, descendo a montanha sagrada pelas veredas da história, é assumir um diferente caminho de divinização. O mesmo de Jesus: tornar-se divino, tornando-se plenamente humano.

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