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Marcos Monteiro*
“Uma gota de
militância” foi como Joanildo Burity denominou o texto seguinte que muitos
subscrevemos e eu achei a frase uma gota de poesia.
“MANIFESTO EVANGÉLICO PELA RENÚNCIA DO DEP. EDUARDO CUNHA DA
PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Nós, abaixo assinados,
representantes e membros de segmentos e de movimentos evangélicos identificados
com um Brasil justo e democrático, e numa iniciativa apartidária, manifestamos, juntamente
com outros setores da sociedade civil, nossa preocupação com o atual momento da
sociedade brasileira, marcado por uma aguda crise política.
Esse quadro se traduz nos
conflitos institucionais entre os poderes da República, resultado também de um
modelo de governabilidade frágil, que precisa ser revisto através de uma
profunda Reforma Política. Como agravante e, ao mesmo tempo, endêmica a esse
modelo, a corrupção corrói a confiança na democracia brasileira, deixando a
população perplexa com as práticas ilícitas de gestores e de representantes, em
diferentes instâncias, de todos os três poderes.
Nesse contexto, as ações do
Deputado Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara dos Deputados e que se
identifica como evangélico, merecem repúdio. As denúncias de corrupção e o envio de recursos públicos
para contas no exterior inviabilizam a permanência do deputado Eduardo Cunha no
cargo que ocupa, uma vez que não há coerência e base ética necessária a uma
pessoa com responsabilidade pública.
A comunidade
evangélica brasileira é diversa tanto em suas tradições e práticas religiosas
quanto ideológica e politicamente. Há, nos últimos anos, uma forte tendência, a
partir da crescente visibilidade política de lideranças eleitas em diferentes
níveis, de homogeneizar essa pluralidade e apresentá-la como se tais
representantes fossem a voz dos evangélicos. Nós nos opomos enfaticamente a
isto. E afirmamos que, frente a casos como o que protagoniza o atual presidente
da Câmara dos Deputados, a corrupção não é a marca distintiva da política para
os evangélicos. Ela é a marca de certa "safra" de representantes. Mas
os evangélicos não somos assim e não podemos mais deixar que nos identifiquem
como tal.
Sendo assim, como evangélicos que
prezam a ética, a verdade e a justiça, concordamos quanto à insustentabilidade
da permanência do Deputado Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados
e posicionamo-nos a favor de sua imediata RENÚNCIA.
27 de outubro de 2015, Semana da Reforma Protestante, 498
anos”
Cerca de trinta anos atrás, meu irmão Sérgio Paulo me
mostrou um pequeno poema que escreveu e me deixou encantado:
“Eu,
grão de areia
no deserto
no deserto
com mania
de gota dágua.”
A política deveria ser a culminação da ética. E a ética,
segundo Edgar Morin, teria a finalidade de evitar a barbárie e de nos levar a
estados poéticos. Quando a política é exercida de modo tão prosaico, ter mania
de gota dágua no deserto é fazer da militância das pequenas atitudes gotas de
poesia e aguardar resultados que podem ultrapassar o esperado.
Pela teoria do caos, uma gota dágua derramada sobre as ondas
de Japaratinga, no litoral de Alagoas, pode causar um tsunami no Japão. Não
sabemos quantas gotas de militância serão necessárias para provocar cachoeiras
capazes de purificar o lago poluído da política brasileira.
Belíssimo, Marcos!!! Esperança de uma heterotopia para a política brasileira!!! E quem sabe um tsunami não aconteça por aqui?! Saudades!!! Bjos!!!
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