segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O peregrino Javé

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Tendo, pois, partido de Sucote, acamparam-se em Elã, à entrada do deserto.
Javé ia adiante deles, durante o dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, durante a noite numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite.
Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite.
(Ex 13, 20-22)

O livro de Êxodo é um dos mais belos do Antigo Testamento. História de peregrinações. Peregrinação de um povo, peregrinação de Moisés e peregrinação de Javé, o amigo íntimo de Moisés, o Deus dos pais que vai se mostrando de vários modos, em seu jeito misterioso de ser. As peregrinações acontecem de uma situação inicial, dentro do poderoso Egito, para uma terra prometida há tanto tempo aos pais, a terra de Canaã.

Entre o Egito e a terra prometida, um longo período de deserto, quarenta anos. Tempo e lugar que Javé acha necessário para construir um povo. O deserto é a forja em que a têmpora desse povo é afiada, lugar de lutas, mas de aprendizado de vida em comunidade. Lugar de desespero, mas lugar de graça, lugar de revolta, mas lugar de promessa, lugar de escassez, mas lugar de providência. Carne e pão aparecem do céu, como penhor da promessa de Javé da terra que mana leite e mel.

As relações nem sempre são amistosas. Revoltas, discórdias e conflitos sempre aparecem entre várias personagens, em algumas Javé é diretamente envolvido. Na longa caminhada, sempre alguém perde a paciência, inclusive Javé que nessas horas precisa ser contido. Moisés, o amigo íntimo, que também tem seus momentos de exasperação, é quem acalma Javé com suas ponderações e evita catástrofes maiores.

Todas as partes precisam entrar em acordos e Javé faz as suas exigências. Mas também cumpre suas promessas e guia o povo de dia e de noite. Durante o dia, quando o caminho e a vida são mais nítidos, Javé é coluna de nuvem, guia misterioso envolto em bruma. Mas na escuridão, Javé se torna coluna de fogo, candeeiro que ilumina caminhos e evita tropeços.

Javé é um deus peregrino que não fica à espera em lugares ou santuários, um deus que caminha com o povo, um deus que habita em tendas. A nossa vocação de peregrinos vem da própria peregrinação de Javé, um deus que se movimenta, caminhante das estradas, guia de caminhos.

Pelos caminhos da vida, quando o deserto nos rodeia, devemos estar atentos e perscrutar o horizonte para discernir a coluna de nuvem ou a coluna de fogo que nos aponta os caminhos.

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