mjdelfino
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Marcos Monteiro*
A eleição de 2014 já prenuncia
uma polaridade, pelo menos para um segundo turno, entre o principal partido da
base governista e o principal partido da oposição. Provavelmente, petistas e
tucanos se encontrem no segundo turno, o que nos assegura uma polaridade sem
polarização, disputa entre um candidato de direita e um mais à direita. No
programa atual de cunho desenvolvimentista os candidatos, podem prometer o que
quiserem, mas o que esperamos é que acrescentem zero ou nada aos caminhos
atuais já traçados.
Candidato ou candidata petista
poderão se incomodar por serem classificados à direita e divulgarem um
currículo de lutas e pronunciamentos progressistas. Infelizmente esse currículo
está desatualizado, de quando o partido era jovem, coisas de juventude. Os
jovens, que não viram tais momentos, e os analistas mais éticos não têm medo de
admitir que o partido tornou-se cada vez mais conservador e abandonou lutas
históricas, sendo a principal a luta contra o sistema capitalista.
As eleições, portanto, podem até
ser conflitivas, mas não serão polarizadas, os candidatos empenhados de modos
diferentes em apaziguar qualquer receio dos setores mais imobilistas da
sociedade. Uma terceira via, se acontecer, também seguirá a mesma receita,
mesma lógica e mesmo comedimento. Assim, a disputa eleitoral pode terminar como
uma espécie de luta pelo oscar (ou oscarito) de melhor maquiador.
Disfarçar rugas e olheiras de um
sistema cada vez mais encarquilhado é a tarefa cotidiana de políticos e de
comunicadores, estando as disputas políticas enclausuradas dentro do mesmo
imaginário, com futuros previsíveis. O novo, o inédito é olhado com
desconfiança e afastado como utopia. A palavra “socialismo”, por exemplo, saiu
da moda e qualquer dia não se encontra mais no dicionário.
Faz mais de vinte anos que Lula e
Collor protagonizaram uma disputa tão polarizada que assustou a elite
conservadora do país, ao ponto dos meios de comunicação, escandalosamente,
difamarem e prejudicarem o “sapo vermelho”. Lula se elegeu, depois de muita
insistência e de se tornar cada vez mais cor-de-rosa. O governo dele beneficiou
todas as classes e setores econômicos e alcançou uma inédita popularidade.
*Marcos Monteiro é assessor de pesquisa do CEPESC. Mestre em Filosofia, faz parte do colégio pastoral da Comunidade de Jesus em Feira de Santana, BA e do grupo de pastores da Primeira Igreja Batista em Bultrins, Olinda, PE. Também faz parte da diretoria da Aliança de Batistas do Brasil e é membro da Fraternidade Teológica Latino-Americana do Brasil.
CEPESC – Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão. E-mail cepesc@bol.com.br, site www.cepesc.com.
Fone: (71) 3266-0055.
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