terça-feira, 2 de julho de 2013

A Copa das Confederações na Vila Maravila

esmaelmorais

O sorriso de Seu Dolivaldo acontece somente de vez em quando, mas aconteceu o dia todo depois da vitória do Brasil sobre a Espanha. Brasil é tetracampeão da Copa das Confederações, com o primeiro gol, de Fred, avisando ao mundo que o gigante joga futebol até deitado em gramado esplêndido.

Os elogios sobre o novo Maracanã faz a conversa voltar para o eterno tema da política, porque o pessoal de lá só trata de futebol, política e religião, as coisas mais importantes do mundo, enquanto se ama, que o amor tem que estar no meio de tudo.

O pessoal garante que o Brasil só foi campeão por causa da pressão popular nas ruas. Os jogadores milionários, participantes das elites econômicas do pais, ficaram com medo das manifestações e arriscaram suas canelas douradas, prensando bola com espanhol, europeu metido a jogador, que andava desrespeitando a nossa seleção.

Todo mundo na Vila acha estranho jogador ganhar dinheiro para não trabalhar, mas já que são pagos pra isso, o mínimo que têm que fazer é assinar ponto e cumprir obrigação e ganhar tudo que é jogo. O Maravila F. C. faz isso sempre, de graça. Aliás, todo mundo na Vila espera o dia em que a seleção brasileira vai ter a coragem de jogar contra o seu time, coisa que nunca aconteceu. Houve tempo em que até parecia que ia ocorrer o confronto, mas a seleção brasileira desistiu. Teve medo, garantem os moradores.

Em resposta à mobilização das ruas o Brasil mostrou que pode ganhar copa e construir estádios, falta mostrar que pode prender corrupto e construir hospital.

Essa seleção de milionários pode servir de meta para as políticas públicas do país e Paranísio em discurso emocionante desejou a partir de hoje para o Brasil, a saúde de Tiago Silva, um serviço de saúde condigno, a mobilidade de David Luís, serviço de transporte eficiente, o empenho e a criatividade de Oscar, projeto de educação modelo, e conclamou todo brasileiro a ir para as ruas para que o salário mínimo seja equiparado ao de Neymar.

Todos os moradores assistiram ao jogo, em suas casas, nos bares, ou no telão armado por Paranísio e o seu sindicato dos ambulantes. Mas os beatos de todas as cores estavam em dúvida se assistiam o jogo ou iam para os seus próprios rituais, até Mãe Silícia, em seus cerca de oitenta e quatro anos de sabedoria declarar que quem fosse procurar Deus em igreja, terreiro, centro espírita, ou qualquer outro lugar, ia se dar mal, porque ela tinha certeza de que Deus ia assistir a partida.

Depois do jogo, os teólogos do futebol discutiam se Deus tinha soprado o pênalti cobrado por Sérgio Ramos mais para a esquerda, se tinha ajudado a bola a tocar exatamente no ponto da canela de David Luís que desse aquela precisa trajetória para desviar a bola do gol, e outros lances mais.


A vila toda sempre admitiu que o melhor técnico do mundo é o Poeira, do Maravila F. C., mas Felipão está subindo de conceito, especialmente depois que escalou Deus e Fred como titulares. E todo mundo tem certeza de que se a mobilização popular continuar vamos ganhar a copa do mundo. Nesse futuro quase presente, o Brasil todo estará sorridente e Felipão terá que decidir se se candidata ou não para a presidência do Brasil.

Um comentário:

  1. Marcos, todo texto escrito por você vira poesia. Espero suas publicações com ansiedade. Maravilhoso esse texto.

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