segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vestígios da Copa do Mundo




Passada a copa, os moradores da Vila Maravila recolhem os pedaços de sofrimento pelo chão, organizam um mosaico de comentários, piadinhas, observações, e tecem uma criativa colcha de retalhos que enfeita o dia-a-dia de todo o pessoal.


Dunga eles rimam com “Seu Lunga”, o folclórico comerciante mal-humorado da cidade de Juazeiro do Norte, eternizado em cordel e na boca do povo de tantos lugares, mas garantem que é bom técnico, capaz de fazer essa seleção, time muito ruim, jogar melhor do que sabia. O Santa Cruz, série D do campeonato brasileiro, deveria de contratar ele, única esperança de chegar à C.


Não dá para dirigir nem a seleção brasileira nem o Maravila F. C porque não dá para montar um time somente na base da continência, continência militar e continência sexual, porque o Cocada, por exemplo, o melhor jogador do Maravila e do mundo, segundo os moradores, não consegue bem jogar sem bem amar a sua linda mulata.


Cocada garante que o time estava “doidão”, cinqüenta e dois dias sem sexo. Robinho de olhos esbugalhados e Kaká de mãos para os céus a dizer palavrão, eram sinais de carência, tanto quanto a de Lúcio, que não lembrava mais se era zagueiro, volante ou atacante, tão desorientado estava, além de todo o time estar sempre doido por contato corporal. Felipe Melo, por exemplo, não podia ver uma coxa.


O melhor jogador da copa foi mesmo Lúcio, pena que havia mais dez. Se Lúcio pudesse defender a jogada, conduzir a bola e cruzar para ele mesmo, o Brasil teria sido campeão. Mas, toda seleção é obrigada a escalar onze jogadores o que tumultuou a brasileira e atrapalhou a inspiração do talentoso zagueiro.


O alvo maior dos comentários e brincadeiras foi mesmo Felipe Melo que, segundo a turma, tinha uma torcida fanática lhe incentivando: os lutadores de todo o tipo, boxe, jiu-jitsu, taekwondo, luta livre, sempre gritando: “vai, Felipe”, “dá-lhe Felipe”, “bate Felipe”... Para o pessoal ele perdeu o lugar na Copa, mas garantiu nas Olimpíadas, em qualquer modalidade de luta pessoal.


Maldade é quando dizem que aquele gol de Robinho não foi bem um passe de Felipe Melo. Ele simplesmente atrasou para o goleiro, mas errou de goleiro e atrasou mal, como sempre fazia, e Robinho aproveitou a deixa. Se tivesse atrasado para o goleiro certo, o gol seria da Holanda, “podem conferir as imagens”, aconselham.


De todo o jeito, garantem, está marcado o “jogo do perdão”, entre os amigos de Felipe Melo e a seleção campeã do mundo, a Espanha. O time de Felipe Melo está escalado assim: Seagal, goleiro, Stallone e Scwarzenegger, defesa bem montada; Vin Diesel e Chuck Norris, os dois alas; Felipe Melo, Van Damme, Dolph Lundgren e Jackie Chan, formando uma espécie de quadrado mágico; Jet Li e Jason Statham, ágeis atacantes.


Jogadores de futebol mesmo, somente na reserva. Entre eles, o goleiro Bruno e os atacantes Adriano e Wagner Love. O dia do jogo será 02 de novembro, dia de finados e a entrada, um quilo de alimento para a família das vítimas de balas perdidas nos morros cariocas.

2 comentários:

  1. Muito perspicaz!!! Sarcástico, crítico!! Muito bommmm!!! Muito bommmm!!!

    Bom... Mas uma coisa pra mim foi positiva... Kaká mostrar que é gente como a gente e que fala palavrão!!! Adorei ele ter falado palavrão!!!!!!!!!!!!!!!! kkkkkkkkkkk

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  2. Que "Maravila" este texto, gostei demais!

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