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EDUCAÇÃO INFANTIL
Marcos Monteiro
Ítalo tinha quatro anos quando não se coube em si. E não
teve ninguém seduzindo, nem igreja, nem amigas, amigos, escola ou igreja lhe
compreendendo. Quem consegue? Pai e mãe se desesperavam e Ítalo queria se
matar. O pai desistiu e saiu de casa, mas a mãe foi acompanhando até aceitar,
ajudar e admitir que Ítalo se cabia melhor como Talia e tem dezoito anos agora,
livre, leve e linda.
Educação sexual é luta de educador há muitos anos, contra
uma sociedade que não se entende. Bernadete apanhou o que pode e o que não pode
até se tornar Belisário e se sentir mais humano. E não teve escola, nem igreja,
foi luta solitária, por cuja causa leva cicatrizes no corpo e na alma. Não se
ensina ninguém a ser gay, lésbica, travesti ou trans, o que se pode ensinar é a
respeitar e a se amar as pessoas e as crianças em seu longo processo de
descoberta de corpo e de identidade sexual.
Sou amigo de muitas LGBTT e já ouvi histórias o suficiente
de tentativas de exorcismo, tentativas de cura e tentativas de suicídio, mas
também testemunhos de libertação pela autorização do amor exótico. Esse grupo
grande de Humanos Exóticos tem sido o alvo principal de caçadores e o Brasil é
o país que mais mata homossexuais. Eles estão com muito medo. A educação é o
projeto de ensinar crianças a amar, não a atirar. Pelas mães de crianças
exóticas, sem medo e sem ódio, eu voto em Hadad, voto 13.
Recife, 25 de outubro de 2018
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