sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

NO MÍNIMO

Marcos Monteiro*

O salário mínimo teve um mínimo aumento. Aliás, pode-se analisar o início de governo de Dilma percebendo-se um mínimo de orçamento com um mínimo de salário para um Estado mínimo. Os cortes orçamentários, a proposta salarial aprovada e a suspensão de concursos públicos foram as primeiras medidas, nesse mínimo de tempo que oferece o mínimo de tonalidade aos caminhos do governo.

Mas, vamos e venhamos, essa é uma amostra mínima de uma certa competência de gestão empresarial. Cortar gastos, controlar salários, reduzir pessoal, é a tarefa mínima que se espera de qualquer gestor para minimizar crises. Até agora essa mínima capacidade empresarial veio associada a uma certa habilidade política, ainda em amostra mínima. As propostas do governo passaram com facilidade, com o mínimo de estardalhaço da oposição e o mínimo de exploração da imprensa. Tudo caminha dentro dos mínimos possíveis.

Gerir um país não é tarefa fácil; nem empresa comercial nem casa de caridade, toda nação tem de caminhar com um mínimo de competência econômica e um mínimo de preocupação social, mistura híbrida que sempre faz pender a balança para um dos lados, mesmo que minimamente. Para isso, precisa-se contar, no mínimo, com a força do poder legislativo, o qual compareceu com a resposta de sempre: um mínimo de salário para o povo, desde que se garanta o máximo para os deputados e senadores.

Continuamos todos com um mínimo de esperança, não mais do melhor dos mundos possíveis, mas de um mundo um pouco melhor. Para isso, o Brasil precisa um mínimo de aceleração no seu crescimento, o que exige competência técnica, compromisso social, mas, sobretudo, habilidade política.

Política, para o chanceler alemão Bismark, seria “a arte do possível”. Mas, aqui, igualmente, precisamos do mínimo de cuidados. Podemos chegar ao “possível” tentando o “mínimo” ou ousando tenazmente o “impossível”. Dois modos diferentes de ser que chegam a dois “possíveis” absolutamente diferentes. Tentando sempre o mínimo, conseguiremos o mínimo dos mínimos, ousando impossibilidades chegaremos ao possível do possível. Em outras palavras, só chegaremos ao mínimo se tentarmos o máximo.

Não sabemos ainda se haverá o mínimo de ousadia no governo Dilma; ainda é cedo e nossa amostragem é mínima. A sua tarefa não é pequena e sua experiência política, segundo a sua trajetória, é mínima. Deverá aprender a suportar, no mínimo, pressões de todos os lados e a navegar com mínima visibilidade. Devagar, cautelosos, nós lhe emprestamos um mínimo de confiança e solidariedade, enquanto exercitamos um mínimo de paciência.

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