“Todo mundo tem o
direito de ser feliz no dia do seu casamento.”
Esse comentário em epígrafe foi
feito por Bonhoeffer em carta para o seu cunhado por ocasião do casamento deste
com sua irmã. O pastor Dietrich Bonhoeffer estava preso por ter participado de
uma conspiração contra Hitler e foi executado pouco antes dos aliados terem
libertado os prisioneiros: para a mentalidade arrogante dos
derrotados nazistas esse religioso jovem e corajoso não merecia
sobreviver. Os tempos não pareciam propícios aos casamentos nem à felicidade,
mas propondo o amor e a alegria como direitos em meio ao caos, Bonhoeffer
constrói um paradoxo de natureza política. Então, podemos evocar a frase tão
cara a Casaldáliga, “tudo é política, embora política não seja tudo”.
No dia do nosso casamento, 26 de
setembro de 2015, eu estava feliz. Casamos, eu e Cleide, em um lugar próximo de
Maceió, o Rancho Pé de Pinhão, na presença de muitas pessoas amadas. Pastores e
pastoras realizaram a cerimônia em que tivemos direito a música popular de
qualidade, reflexões significativas, e até poesia em cordel. Recolhemos o
cerimonial do baú das tradições e demos-lhe uma roupagem nova até parecer
conosco; e assim pude casar de camisa e de sandálias, mas o mundo não se tornou
menos confuso por estarmos felizes.
O caminho para afirmar
politicamente o nosso casamento e a nossa felicidade foi através da cerimônia
das alianças. Optamos pelo anel de tucum, tanto para marcar a nossa caminhada
até aqui como para iluminar o nosso futuro, evocando o poder dos símbolos enquanto
guias e vigilantes de desafios e compromissos. Escolhemos cinco palavras bem
distantes das conhecidas palavras de ordens e distendemos as mesmas até
ultrapassar os limites de um projeto egocêntrico e hedonista. Também os tempos
atuais não parecem propícios aos casamentos e à felicidade, mas pretendemos guiados
pelo coração, de forma sempre apaixonada e sorridente, lutar sempre por mais
vida e mais amor para todas e todos. Essa é a nossa proposta de uma construção
política paradoxal, esses são os nossos compromissos selados com o anel de
tucum.
Sob a força simbólica do anel de tucum, assumimos
diante de Deus e das amigas e amigos os seguintes compromissos:
1.
VIDA. Cremos
no Deus vivo, no Espírito da Vida e no Jesus que trouxe para todas e todos a
exuberância da vida.
Por isso, nos comprometemos com a vida em sua
gratuidade, a nossa vida, a vida dos que amamos e a vida daqueles e daquelas
que precisam urgente de mais vida.
2.
AMOR. Cremos no amor e no amor ao amor.
Por isso, nos comprometemos a construir o amor e a
sermos construídos pelo amor. Amor entre nós, entre as amadas e amados mais
próximos e amor ao frágil e perecível, como a beleza, a justiça, a verdade e o
próprio amor, tão fortes e tão frágeis, tão permanentes e tão perecíveis.
3.
PAIXÃO. Cremos na vida apaixonada; no valor de viver intensamente as
relações pessoais e a luta pelo crescimento pessoal e por um mundo melhor.
Por isso, nos comprometemos a nos jogar cada vez mais
sem reservas nos braços um do outro, no mistério do Pai e na construção de um
mundo cada vez mais parecido com o modelo de Reino de Deus.
4.
SORRISO. Cremos na alegria como fonte permanente de energia e
instrumento surpreendente de luta. Por isso, nos comprometemos a buscar o
sorriso capaz de enfrentar a violência da discriminação e da injustiça e de se
misturar com as dores da vida, sem perder o entusiasmo, mesmo quando banhado em
lágrimas.
5.
CORAÇÃO. Cremos na força mansa da razão e cremos na diversidade de
razões; mas cremos acima de tudo nas razões do coração.
Por isso, nos comprometemos a fugir de todo legalismo
e racionalismo barato, tentando entender a totalidade da vida e acompanhar cada
pessoa e cada grupo com a ternura e o carinho de quem deseja compreender
totalidades.
Esses são os compromissos que assumimos aqui no Rancho
Pé de Pinhão, nesse dia 26 de setembro de 2015, nessa festa que não pretende
acabar nunca.
Marcos e Cleide
Os compromissos são esses e
compromisso é isso: desejo de seguir, mesmo tementes e claudicantes, às vezes
nos aproximando e às vezes nos afastando dos objetivos, na força e na fraqueza
da vida, contando sempre com a graça do Pai e com a criatividade do Espírito e com
a força que vem de Jesus Cristo.
Maceió, 02 de outubro de 2015
*Marcos Monteiro é assessor de
pesquisa do CEPESC. Mestre em Filosofia, faz parte do colégio pastoral da
Comunidade de Jesus em Feira de Santana, BA. Também é um dos pastores da
Primeira Igreja Batista em Bultrins, Olinda, PE e é membro do Portal da Vida e
da Fraternidade Teológica Latino-Americana.
CEPESC – Centro de Pesquisa, Estudos
e Serviço Cristão. E-mail cepesc@bol.com.br,
site www.cepesc.com.
Acho que o senhor é meu pastor Marcos Monteiro da igreja batista do ibura, sou lindaci filha de Marta salustiSal de carvalho, eu quando era pequena lá na igreja, sem pai, queria que o senhor fosse meu pai, vontade de criança carente mais nunca falei isso pra minguem, foi o senhor que me batizou, eu não tenho certeza mais acho que o senhor é o meu pastor querido.
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